INTRODUÇÃO

           Proveniente da antiguidade, o Circo e as artes circenses encantam o mundo com seus espetáculos que exibem habilidades diversas de seus artistas. Há indícios de que tais artes já eram praticadas há 4 mil anos entre civilizações antigas. A palavra circo tem origem no latim circus, tendo como significado “circulo” ou “anel” – termos remetidos às arenas romanas, lugares onde eram praticados esportes e lutas.

           O Circus Maximus foi o primeiro circo que se tem conhecimento. Foi construído por volta do século IV a.C. na Roma Antiga. Nele, eram exibidas corridas de carruagens, apresentações com animais, lutas de gladiadores e pessoas exibindo talentos incomuns. Com a chegada da Idade Média e após um incêndio que destruiu o Circus, começaram a surgir apresentações de artistas populares que se utilizavam de espaços públicos para suas apresentações, como praças, entradas de igrejas e feiras. Com isso, nasceram as famílias de “saltimbancos”, que viajavam de cidade em cidade para apresentar seus números cômicos, de pirofagia, malabarismo, dança, teatro etc. Com o passar do tempo e a expansão da cultura circense, as lutas e a presença de animais foram saindo de cena, dando lugar às modalidades mais conhecidas atualmente: o contorcionismo, equilibrismo, ilusionismo, palhaçaria, apresentações aéreas, dentre outros. Apesar disso, foi apenas no século XVIII, na Inglaterra, que os circos ganharam características modernas, com picadeiros como se vê hoje em dia, apresentando os tipos de artes circenses que conhecemos.

           No Brasil, a história do circo se iniciou no século XIX. Nesse período, muitas famílias europeias chegaram ao país e reuniram-se em guetos, nos quais compartilhavam a vida coletiva e manifestavam suas habilidades circenses. O circo brasileiro está muito relacionado com os ciganos, pessoas nômades, que sempre se mudavam de lugar. As apresentações eram feitas levando em conta a cultura do local, e o interesse dos espectadores. O "palhaço", por exemplo, ganhou uma roupagem diferente do personagem europeu, que é mais calado, faz mímicas e possui um humor perspicaz. Na cultura brasileira, o palhaço tem característica mais calorosa, muito falante e geralmente utiliza humor malicioso.

           Antigamente os circos pertenciam a uma família apenas, tinham pouquíssimos artistas contratados de fora, os números eram passados de pai para filho e apenas os “tradicionais” faziam parte. Ao longo do tempo o circo vem se apropriando de diferentes tipos de artes como música, teatro e dança, e ampliando sua configuração como o chamado “novo circo”. Um exemplo clássico é o Cirque Du Soleil. A aproximação da dança e do teatro com o circo, levou a um enriquecimento da arte circense, com maior preocupação com a estética e com a plástica dos espetáculos (SILVA; GONÇALVES, 2010). Hoje, são poucos os circos que continuam exclusivamente familiares.

           Com tais mudanças de paradigma, no final da década de 1970, surgiram as primeiras escolas de Circo no Brasil e em outros países também. Nessas escolas, os artistas eram formados em diversas modalidades e saíam aptos para integrar um espetáculo. Nesses últimos 35 anos, uma quantidade significativa de artistas circenses foi formada por diversas escolas através de caminhos sociais e educacionais diferentes dos praticados pelos circenses tradicionais há mais de dois séculos. A primeira escola de circo fora da Lona foi a Academia Piolin de Artes Circenses, que surgiu em São Paulo no final da década de 1970. No ano seguinte, acompanhando o movimento paulista, em 1982 foi fundada a Escola Nacional de Circo no Rio de Janeiro. Somente em meados de 80 foram abertas as primeiras escolas privadas de circo. Mesmo já tendo sido considerada uma arte marginal em que o acesso era permitido apenas aos integrantes das companhias – sendo os segredos revelados apenas de pai para filho – os tempos mudaram, e a lona se abriu aos interessados em aprender as técnicas que encantam multidões de forma lúdica e interativa. São as escolas de circo, que elevam a arte circense ao status de atividade física, recomendada para crianças e adultos. A aula de circo ganhou espaço no line-up das grandes academias, dos clubes e, claro, das arenas circenses.

           Embora tenha sofrido profundas transformações, o circo é um espetáculo cultural e permanente que continua encantando as multidões. Independentemente das mudanças que ocorreram, ele atravessou décadas e hoje se apresenta em uma nova estrutura, sem deixar a beleza e os desafios de antigamente (HENRIQUES, 2006). Hoje, os praticantes da arte circense, não só vivenciam a arte milenar mas praticam uma atividade cultural (e até física) ao mesmo tempo.

 

APRESENTAÇÃO

           O Clube Circo é um espaço de treinamento, convivência e bem-estar em que são experimentadas e experienciadas as artes circenses. Nesse espaço, os alunos são imersos nas diversas modalidades circenses e vivenciam na prática as habilidades, a montagem de números e espetáculos, preparações físicas, dentre muitas outras coisas. O Clube conta com dois professores com formação profissional e experiência a mais de 6 anos no ensino do circo. A vivência circense é oferecida e acessível à comunidade local através das aulas e são ofertadas bolsas de estudos para pessoas em situação de vulnerabilidade. Acreditamos que a arte salva vidas e nos movemos por isso, para que muitos sejam alcançados através dela. O foco do espaço Clube Circo o é a formação de adolescentes e adultos como artistas ou apenas praticantes e amantes da arte.

 

OBJETIVO GERAL

           Proporcionar a vivência e o conhecimento das artes circenses ao público em geral, fomentando a difusão da cultura e oportunizando o acesso à arte outrora restrita às famílias tradicionais circenses.

           

OBJETIVO ESPECÍFICO

·        Conhecer a história do circo, valorizando a arte;

·        Favorecer a expressão corporal e artística;

·        Estimular a autonomia e a criatividade;

·        Desenvolver a integração em grupos, a socialização e favorecer a ampliação da confiança e cooperação mútua;

·        Desenvolver a consciência corporal, o ritmo, a flexibilidade, o equilíbrio, a agilidade e a coordenação motora.

·        Desenvolver habilidades específicas em cada modalidade.

 

JUSTIFICATIVA

           No atual paradigma em que vivemos – a saber, uma pandemia – adolescentes e jovens têm estado cada vez mais “presos” e isolados de seus convívios sociais, o que os distancia ainda mais das escassas oportunidades que os são oferecidas. Tudo isso têm gerado em nossa juventude um estado de angústia, abandono e depressão, uma vez que se veem ainda mais sem oportunidades de interações e crescimento social. O Circo vem como resposta à essa demanda: é um ambiente de interação, descoberta, superação, busca por desenvolvimento pessoal e ainda, uma fuga às duras realidades enfrentadas.

           

           O Projeto tem como intuito proporcionar à crianças, adolescentes e jovens novas perspectivas de expressão artística, que, pelo cunho tradicional do circo, são pouco oportunizadas. Trata-se de uma proposta pedagógica que aposta no desenvolvimento criativo e social e na construção da cidadania e desenvolvimento das potencialidades de adolescentes e jovens das classes populares a partir dos saberes e da vivência artística. Através das aulas e o contato com o circo, os jovens desenvolverão a autoconfiança, a autonomia, tanto no aspecto físico, social, intelectual ou emocional, contribuindo para seu desenvolvimento integral – além do senso de responsabilidade – muito importante para as aulas e para a vida no geral. É de suma importância o contato da juventude com atividades culturais e a cultura popular, não só para que essa seja preservada e disseminada mas para que os jovens preservem seu interesse nos movimentos culturais e sociais. Sabe-se que envolver a juventude em atividades culturais e sociais de tal cunho, é uma das chaves para evitar que estes se perpetuem por caminhos maléficos e se envolvam com a criminalidade e com atividades ilegais.

           Por último, mas não menos importante, os conhecimentos adquiridos nas aulas poderão ser de grande valia para os alunos como fonte de trabalho, vez que há muita oportunidade mundo afora em companhias circenses de apresentações das diversas modalidades.

                      

METODOLOGIA

           A metodologia utilizada será própria, desenvolvida após 5 anos de pesquisa e aplicação em aulas pelos professores, tendo como base a metodologia usada na Escola Nacional de Circo da FUNART. Por essa metodologia, os alunos aprenderão as teorias da história do circo, as teorias das modalidades circenses, bem como terão aulas práticas e técnicas, a fim de aplicarem praticamente o conhecimento adquirido.

 

DESENVOLVIMENTO

           As atividades do projeto acontecerão em forma de aulas teóricas e práticas, online e presencial (ensino híbrido) nas quais serão apresentadas a história do circo, bibliografia de artistas circenses renomados, as transformações que aconteceram ao longo do tempo, as modalidades e suas teorias, as formas de circo existentes atualmente, preparação física (teórica e prática), preparação específica para cada modalidade, confecção de materiais para uso em treinos e seus devidos cuidados, além de aulas práticas de habilidades de cada modalidade específica. Também será promovida a interação dos alunos com artistas profissionais, bem como criação de números próprios para apresentações públicas, além de organização de eventos e intervenções em locais públicos. Cada aula terá duração de 1 hora e 30 minutos em espaço próprio e adaptado para tanto com toda segurança necessária para a prática da atividade e serão ministradas em grupo de até 20 pessoas com idade a partir de 10 anos.

 

RECURSOS UTILIZADOS

·        Espaço adaptado e próprio para o desenvolvimento das atividades

·        Notebook e projetor

·        Apostilas

·        Tecido liganete 100% ou 99% poliamida

·        Lira de ferro

·        Trapézio

·        Tatames

·        Colchões de queda

·        Caixa de Som

·        Diabolôs

·        Clavas

·        Bolinhas de Malabares

·        Pratos de equilíbrio

·        Rola Rola

·        Swing Poi

·        Swing Flag

·        Devil Stick

·        Aros

·        Pernas-de-pau

·        Monociclo

·        Garrafas pet 500ml

·        Balões coloridos

·        Painço ou areia

·        Mosquetões

·        Distorcedor

·        Cordas

 

CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES

MÊS

ATIVIDADES

1ª Etapa: Apresentação do projeto e familiarização com o estilo de arte

2ª Etapa: Roda de conversa e aulas teóricas: história do circo, bibliografia, teoria das modalidades.

3ª Etapa: Aula teórica de preparação corporal e preparação específica para cada modalidade.

4ª Etapa: Contato e experimentação em cada modalidade.

5ª Etapa: Escolha da modalidade para aprofundamento

6ª Etapa: Divisão de grupos de treinos de habilidades

7ª Etapa: Aulas e treinos de modalidade específica

8ª Etapa: Roda de conversa com artistas profissionais

9ª Etapa: Troca de modalidade e treinos específicos

11ª Etapa: Desenvolvimento de números e avaliação  

12ª Etapa: Ensaios de apresentação final

13ª Etapa: aulas específicas e aprofundamento nas modalidades

 

 

AVALIAÇÃO

           A avaliação será realizada a cada mês por meio das amostras dos trabalhos realizados pelos alunos e seus devidos registros em diário de bordo, além da observação dos próprios professores em relação aos avanços apresentados nas habilidades e interação dos participantes.