Em 2017, um grupo de 25 amigos se organizou para estudar música. Ao longo do ano de 2018, novos integrantes se uniram ao coletivo Barracão e os participantes que não possuem seu próprio instrumento podem ter acesso a caixa, alfaia, agogô, bateria, guitarra, baixo, violão, cavaquinho, trombone, trompete, saxofone e exercícios de voz. Desta forma, o processo de integração do participante, tem por objetivo oferecer ao novato a oportunidade de experimentar diversos instrumentos, até que ele encontre aquele no qual se dedicará. 


Este é um projeto idealizado por Victor Bruno, músico e professor de física. Realizado inicialmente no Ilê Asé Odé Oran, da mãe Gilda, sua avó, no bairro São Bento, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense local onde ele nasceu e teve seu primeiro contato com a música, através dos instrumentos e musicalidades ali presentes. Em estudo de Maria Luiza Barros, em parceria com a Casa Fluminense, os dados apontam para as seguintes estatísticas: 33% dos jovens de Duque de Caxias, o equivalente a 140 mil jovens (18 a 24 anos), fazem parte do que ela chama de ‘geração nem-nem’: nem trabalha e nem estuda. Nesse cenário, é notável que esses jovens precisam de alternativas à realidade que lhes é imposta. 


Para os integrantes do Grupo Barracão um dos maiores obstáculos encontrados por esses cidadãos é a mobilidade urbana seja pelos altos valores cobrados pelas empresas de ônibus, seja pela falta de qualidade na prestação de serviços, o resultado deste crônico problema social é a limitação da inserção do cidadão na vida social e cultural da cidade.


Ainda em 2018 no Estado do Rio de Janeiro, foi sancionada a Lei nº 8.120 que regulamentou a manifestação cultural nas estações de barcas, trens e metrô do Rio de Janeiro, sendo está uma atividade identificada pelo grupo como forma de minimizar os impactos nocivos da mobilidade urbana os integrantes, a partir dos estudos desenvolvidos no Barracão, são incentivados a fazerem apresentações não só no metrô e no trem, mas também em espaços públicos em geral. Como contra partida o público de maneira voluntaria contribui com o chapéu dos artistas, que conseguem assim financiar seus estudos musicais e a manutenção de seus instrumentos, descobrindo na prática musical, além de um prazeroso estudo também uma oportunidade profissional.


Buscando sempre ter autonomia e se autogerindo, o Grupo Barracão percebeu a necessidade de ampliar seu impacto no território que está inserido e iniciou no segundo semestre de 2018 a obra do espaço que abrigará o Curso Livre de Educação Musical Criativa e Coletiva Barracão nos próximos anos.


Em 2019, como FAZEDORES DO BEM, afirmando nosso plano de continuidade sustentável e pensando o diagnóstico sócio econômico local, neste edital estamos propondo a organização de uma oficina para formação de mão de obra adequada a reforma dos instrumentos de percussão do Grupo Barracão e a criação de um LabOficina a ser instalado em nossa sede no São Bento de forma permanente, sendo esta mais uma fonte de renda em potencial para o coletivo além de possibilitar a inserção de novos indivíduos na construção coletiva do Grupo Barracão.