Proposta: Promoção da conscientização ambiental por meio oficinas sobre o direito à cidade, justiça ambiental e racismo ambiental e realização de trilhas interpretativas em áreas de proteção ambiental próximas à cidade de São João de Meriti. As trilhas incluem: identificar espécies de plantas e animais para enriquecer o conhecimento dos estudantes sobre zoologia e botânica; estudar a biodiversidade da comunidade florestal e entender sua estrutura e função; discutir e avaliou o valor de utilização direta, o valor de utilização indireta e o valor ecológico da diversidade animal e vegetal na região florestal e analisar a importância da região de floresta local para a proteção ambiental ecológica e desenvolvimento socioeconômico.

Problematização: O município de São João de Meriti (SJM) é conhecido, como "Formigueiro das Américas", pois, sua densidade demográfica é a maior do Brasil (IBGE, 2018) e uma das mais altas da América Latina. Curiosamente, "Meriti" é oriundo do termo da língua tupi antiga meriti'yba, que significa "pé de buriti", no entanto, a cidade apresenta raros espaços onde as pessoas podem ter contato com a natureza, inclusive com os buritis. De acordo com o Caderno Metropolitano do Rio de Janeiro, SJM possui índice zero de áreas verdes (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2017). Esse dado corrobora com os fornecidos pelo Atlas da Mata Atlântica, da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais – INPE (2018), que aponta que não há remanescentes de mata atlântica original no município. Nas cidades, as áreas verdes possuem importância por proporcionar melhores condições ambientais, contribuindo para a melhoria na qualidade de vida das pessoas, devido às suas funções sociais, ecológicas, estéticas e educativas (LOBODA & ANGELIS, 2009; SILVA, et al., 2016). As áreas verdes urbanas são imprescindíveis para a qualidade da vida no ambiente urbano. De acordo Chaddad (apud Sanches, 2014) elas atuam promovendo o bem-estar, as práticas esportivas, uma maior socialização e o estímulo a identificação da comunidade com o local. Além disso, Loboda e Angelis (2005), também citam a importância na atenuação a poluição sonora, na filtragem das partículas sólidas em suspensão no ar na formação e o aprimoramento do senso estético. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que em zonas urbanas deva haver um mínimo de 9 m2 de área verde por habitante, sendo que o índice ideal fica compreendido no intervalo de 10 a 16 m2 (SINGH et al., 2010; FUADY; DARJOSANJOTO, 2012; NOOR et al., 2013; KARAGIANNIS et al., 2014 apud SILVA et al. 2016).

O escritor e pesquisador Richard Louv mostra em suas pesquisas que qualquer ser humano, precisa de contato com a natureza para se desenvolver e ter uma vida saudável. Louv cunhou o termo “transtorno de déficit de natureza” para chamar a atenção aos problemas físicos e mentais derivados de uma vida desconectada do mundo natural.

Devido à importância das áreas verdes em termos ecológicos, sociais e de saúde pública, e sua ausência no município fluminense, ações em educação ambiental crítica se fazem necessárias, mirando intervir sobre esta realidade, na busca por um ambiente mais sustentável e justo, através do empoderamento e desenvolvimento do senso de pertencimento. 

Desta forma, esta iniciativa visa a consciência ecológica dos adolescentes, os verdadeiros responsáveis pelo futuro e a preservação do nosso planeta e demais interessados. A escola, através de todos os seus componentes, como parte integrante da sociedade e co-responsável pela sua transformação, deve envolver-se com estudos referentes às questões ambientais contemporâneas, não somente com o levantamento e estudo da problemática ambiental local e global, mas também na busca de mecanismos que permitam nela atuar.

A partir do conceito de cidades educadoras, podemos notar que, a educação ocorre não somente nos limites da escola, mas em todos os cantos da comunidade, assim, outros espaços apresentam-se como potenciais promotores da educação.

Para exemplificar, tanto para o ensino formal quanto para o não formal, as trilhas ecológicas constituem excelentes espaços para a prática de programas de educação ambiental, que devem ir além de simplesmente ensinar o que os visitantes devem fazer nos ambientes visitados, mas também propor mudanças no modo como as pessoas pensam e avaliam a sua relação com o ambiente.

Apesar de não possuir amplos espaços destinados à natureza, nos arredores de São João de Meriti temos espaços que podem ser explorados pelos moradores, como o Parque Municipal do Gericinó, localizado no município vizinho (Nilópolis), onde podem ser feitas diversas atividades.

Objetivo geral: Promover a sensibilização e conscientização ambiental por meio práticas educativas, tais como as trilhas interpretativas em áreas verdes urbanas e realizar debates sobre a importância de espaços verdes para a qualidade de vida, buscando despertar  o senso de pertencimento, vontade de agir, individual ou coletivamente, e incentivar o respeito pelo meio ambiente equilibrado, contribuindo para o alcançar dos objetivos do desenvolvimento sustentável, da Organização das Nações Unidas (ONU), especialmente o objetivo número  de 11 – Cidades e comunidades sustentáveis.

Objetivos Específicos: Contribuir para a implementação de um programa conscientização ambiental a partir de trilhas interpretativas; Estimular e desenvolver atividades que permitam emergir um sentido de cooperação, participação e cidadania; Oferecer uma experiência construtiva e gratificante e, assim, despertar nos adolescentes o desejo de melhorar o mundo através da natureza; Introduzir o conceito de cidade educadora, para além do espaço escolar.

Impacto ambiental: Em relação ao impacto ambiental, observa-se que a metodologia transdisciplinar de conscientização ambiental-crítica pode auxiliar os adolescentes a entender que a manutenção da vida no planeta está intimamente relacionada à existência de espaços verdes, pois auxiliam na conservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado. Além disso, com a realização de oficinas e das trilhas, os adolescentes terão um aporte teórico para compreender aspectos contemporâneos das mudanças ambientais e, com a realização das trilhas interpretativas, seus conhecimentos sobre o meio ambiente serão ampliados.

Acompanhamento e difusão: Todas as atividades contarão com instrumentos de avaliação e acompanhamento, no intuito de monitorar o desenvolvimento da consciência ambiental entre os participantes do projeto. A disseminação de metodologia transdisciplinar ocorrerá a partir da participação de profissionais voluntários e professores, além dos próprios participantes.


Programa de atividades:


A atividade organiza-se em cinco momentos:

1-   Roda de conversa denominada “São João de Meriti: ontem e hoje: direito à cidade, justiça ambiental e racismo ambiental”

2-   Cine debate “O Meritiense em busca do Butiti perdido”- Reflexões sobre o Filme “O Lorax – Em Busca da Trúfula Perdida” .

3-   Trilha interpretativa em uma área de proteção ambiental localizada no município de Mesquita: A importância das áreas verdes e o histórico de ocupação da Baixada Fluminense”.

4-   Chuva de ideias na construção coletiva e busca por soluções em prol de uma cidade mais arborizada e justa ambientalmente.

5-   Apresentação da iniciativa, resultados da chuva de ideias para a sociedade: Fazedores do bem + Active Citizens em São João de Meriti, em que serão convidados representantes da prefeitura, empresas da região e a sociedade como um todo, a partir de ampla divulgação através das redes sociais, na busca de novas parcerias e mobilização social.


Referências

IBGE. Cidades – São João de Meriti. 2018. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rj/sao-joao-de-meriti/panorama> Acesso em: dez. 2018.

LOBODA, C. R.; ANGELIS, B. L. D. Áreas verdes públicas urbanas: conceitos, usos e funções. Ambiência, v. 1, n. 1, p. 125-139, 2009.

LOBODA, C. R.; ANGELIS, B. L. D. De. Áreas Verdes Públicas Urbanas: Conceitos, Usos e Funções. Ambiência - Revista do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, v. 1, n. 1, p. 125-139, Jan/Jun. 2005.  

SANCHES, P. M. De áreas degradadas a espaços vegetados. Editora Senac São Paulo, 2014.

SILVA, A. D. P.; SANTOS, A. F.; OLIVEIRA, L. M. Índices de área verde e cobertura vegetal das praças públicas da Cidade de Gurupi, TO. Floresta, v. 46, n. 3, p. 353-362, 2016.

SOS Mata Atlântica & Instituto Nacional de Pesquisas Especiais - INPE. Atlas da Mata Atlântica. Disponível em: < http://aquitemmata.org.br/#/>. Acesso em: dez. 2018.